Exterior melhora e Ibovespa prolonga movimento de recuperação

Às 13h30, o Ibovespa subia 1,48%, aos 112.939 pontos, próximo das máximas intradiárias de 113.057 pontos e tendo tocado os 111.303 pontos nas mínimas, logo na abertura dos negócios. O volume financeiro negociado até aqui foi de R$ 11,3 bilhões, com projeção de alcançar um giro de R$ 34,4 bilhões ao final do pregão, bem acima da média de R$ 23,5 bilhões registrada no ano passado.

A postura mais “hawkish” (jargão do mercado para se referir à inclinação à alta de juros) do Fed continua influenciando o comportamento dos ativos financeiros. Os investidores reagiram com tensão aos sinais conservadores da autoridade monetária, em especial, o fato de o chairman Jerome Powell não ter descartado alta de juros em todas as reuniões de 2022 e hesitar em dizer o ritmo da elevação da taxa dos Fed funds.

“Por ora, o cenário-base é de quatro altas ao longo de 2022, mas vemos esse número agora como um piso e não como um limite”, disse Aneta Markowska, economista-chefe do Jefferies, lembrando que ontem o Fed não fez nada para conter as expectativas do mercado de quatro subidas, “efetivamente convidando o mercado a ‘precificar’ ainda mais”.

Já Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimentos, entende que os ativos de risco irão se adaptar. "O aumento dos juros pode ser algo prejudicial para os mercados emergentes, mas não enxergo a movimentação do Fed como algo exclusivamente negativo. É um processo natural de volta à normalidade e combate da inflação que temos ao redor do globo. A volatilidade deve prosseguir e os preços dos ativos de risco devem se enquadrar à nova realidade."

Um dia após a decisão do Fed e os comentários do presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, abalarem Wall Street, os investidores também se debruçavam sobre os números do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, que cresceu a uma taxa anualizada de 6,9% no quarto trimestre, de +5,5% previsto, ante taxa de 2,3% no trimestre anterior.

Localmente, o Ibovespa ainda se beneficiava de um forte fluxo de capital estrangeiro entrando na B3, alcançando, até a última terça-feira, R$ 22,9 bilhões em 2022. "Em todos os dias de negociação este ano houve entrada líquida de investidores estrangeiros na bolsa brasileira, o que é curioso", diz José Cassiolato, sócio da Nexgen Capital. "Houve alteração nos níveis de liquidez e de crescimento lá fora e, como o Brasil fez boa parte da lição de política monetária no ano passado, tem sido lembrado pelos investidores por contar com empresas de commodities no índice. Mas, olhando para frente, e conforme os regimes monetários forem mudando, este fluxo deve se normalizar."

Enquanto isso não ocorre, as ações de tecnologia e varejo digital, que sofreram muito nos últimos meses, apareciam como as maiores altas do pregão, também auxiliadas pelo fechamento da curva de juros. Magazine Luiza melhorava 7,26%, Banco Pan PN crescia 5,71%, Locaweb ON avançava 8,63% e Via ON tinha alta de 5,29%.

Banco Inter units também saltava, 7,56%, após a companhia comunicar ao mercado, através de fato relevante, que a BlackRock passou a deter 64.874.119 ações preferenciais da companhia, o que representa aproximadamente 5,05% do total de papéis da classe emitidos.

Já os papéis ordinários e preferenciais da Petrobras tinham valorização de 1,38% e 1,56%, respectivamente, refletindo a alta dos preços do petróleo. Investidores têm precificado uma potencial invasão da Rússia à Ucrânia e a possibilidade de acordo nuclear com o Irã. PetroRio ON ganhava 3,35% e 3R Petroleum avançava 3,51%.

Ainda na parte de cima do pregão, e entre as maiores empresas do índice, os bancos tradicionais reforçavam sua trajetória altista dos últimos pregões. Santander units ganhava 3,57%, Bradesco PN subia 0,57%, Itaú PN avançava 0,59% e Banco do Brasil ON saltava 2,04%.